terça-feira, 11 de outubro de 2011

Olhos de serpente e o olhar do DePalma

Um dos autores mais interessante das últimas quatro décadas do cinema americano é Brian DePalma, e mesmo alguns dos seus filmes mais subestimados não podem deixar de ser vistos.

Esse é o caso de Olhos de Serpente(Snake Eyes,1998) na trama temos o  policial Rick Santoro, interpretado por um Nicolas Cage exagerado como é seu abitual, que vai assistir um luta de Box pelo cinturão da categoria peso-pesado, algumas outras informações passam pela tela vemos Rick falar com sua esposa e amante pelo celular; conhecemos seu melhor amigo,um comandante da marinha interpretado por Gary Sinise de um talento que não vemos na sérei CSI; vemos alguns indícios de que  Rick é corrupto; e nossa atenção é chamada por duas mulheres, um loira e outra ruiva.

Tudo parece  bem até a morte de um senador e a possibilidade de um conspiração entrarem na trama.

O roteiro de David Koepp se estrutura em flash-backs e pontos de vista subjetivos dos personagens, mas esse tipo de "truque" tão frequente no cinema desde filmes como "Cidadão kane"(1941) e "Rashomon"(1950) pode trazer algum frecor?

Bem, o frescor vem da direção do mestre DePalma, desde do inicio do filme é notorio a preferencia do diretor por plano sequencias longos, logo quando a trama começa a se desenvolver a câmera objetiva se mistura a subjetiva, como na cena em que o boxeador narra o acontecimento que filmado em parte usando a visão dele e em outra parte com o mesmo participando.

Com essa alternância de subjetivo e objetivo Depalma não se interessa em enganar o espectador com trapaças espertinhas ou confundir, o que poderia o correr caso o filme estivesse nas mãos de um diretor menos experiente ou mais metido, mas o verdadeiro interesse esta em questionar a realidade da câmera seja essa objetiva e subjetiva.

Ao longo da historia a câmera sempre foi o olho da verdade, Depalma quer reverter esse historia, quando um personagem conta algo ele pode estar simplesmente  mentindo, mas quando isso é mostrado continua ser um mentira?

Essa questão de perceptivas de olhares  esta presente em todo o filme seja na gravações da câmeras de segurança seja no gigante olho do balão que também se revela um câmera, tudo traz um novo ponto de vista.

Quem já é familiarizado com o cinema do diretor vai ver que ele repete algumas soluções visuais de sua preferência com a divisão da tela em duas, mas nem por isso esse filme deixa de ser de um vigor incrível.
Cotação[****]

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